O deputado Wilson Santos (PSD) tenta aprovar um Projeto de Decreto Legislativo que susta os efeitos do parágrafo 1º do artigo 2º da Portaria nº 066/2021/GAB/SAAP/SESP, que institui a Cadeia Pública de Chapada dos Guimarães aos ativos e aposentados da carreira da segurança pública. Ocorre que, neste parágrafo em específico, a medida é estendida aos ex-servidores, o que acabou por beneficiar o ex-policial Almir Monteiro dos Reis, 49 anos, que estuprou e matou a advogada Cristiane Castrillon, 48 anos.
A proposta causou polêmica no plenário, durante a sessão dessa quarta-feira (30), e gerou controvérsias, chegando a receber um parecer contrário da Comissão de Segurança Pública, porém, antes de ser colocado em votação, os deputados Beto Dois a Um e Elizeu Nascimento acabaram pedindo vista. Apesar de o projeto estar em caráter de urgência/urgentíssima, o que determina que a vista seja de 24 horas, a matéria deve volta à apreciação apenas na próxima semana.
O PDL do parlamentar visa sustar apenas este trecho da portaria que inclui ainda “os ex. servidores do rol supracitado”. A portaria, publicada em setembro do ano passado pela Sesp, prevê que a cadeia pública Chapada dos Guimarães seja destinada a servidores ativos e aposentados, que atuam nos Órgãos de Segurança e de Justiça.
São eles: integrantes das Forças Armadas, constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica; integrantes da Segurança Pública constituída pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares, além de servidores Sistema Penitenciário e Socioeducativo, Guardas Municipais e papiloscopistas.
O debate
Logo após receber parecer contrário da Comissão de Segurança, Wilson chegou a declarar que a Assembleia Legislativa estamparia as manchetes como responsável por permitir prisão especial ‘ao monstro’ que matou Cristiane. E apesar de concordar sobre a crueldade do crime, o deputado Gilberto Cattani (PL), que reforçou seu posicionamento a favor da castração para casos de estupro e até mesmo da pena de morte, alertou que a proposta poderia acabar colocando todos os agentes no mesmo balaio.
Elizeu Nascimento, que faz parte das fileiras da PM, fez questão de deixar claro que a corporação não compactua com criminosos, mas também reforçou que a portaria trata de servidores ativos e aposentados, e a proposta de Wilson poderia acabar tirando o benefícios a esses agentes.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho (União), chegou a propor que fosse feita um aditivo da palavra para crimes hediondos, porém, a medida não foi aceita pelo autor. Isto, porque Wilson alegou que ficaria subjetivo, não cabendo aos deputados entrar nesta seara da tipificação criminal.
O social-democrata lembrou ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) vem acabando com prisões especiais e a Assembleia estaria caminhando na contramão.
Por fim, a deputada Sheila Klener (PSDB), que assinou a proposta como co-autora, defendeu a matéria, lembrando que os deputados firmaram compromisso de combater à violência contra mulher e todos discursam defendendo penas mais severas, e nessas horas acabam não aprovando a matéria.
Porém, após muito bate-boca, optaram por analisar melhor a matéria e houve então o pedido de vista pelos membros da Comissão de Segurança Pública.